Amo o som deste instrumento desde quando tinha 5 anos de idade e me infiltrava nas rodas que se formavam ao redor de quem tocava. Quando via algum violão deixado às pressas em um canto acariciava-lhe as cordas para escutar seus timbres e seus harmônicos. Agora faço alguns apontamentos: afinação, constituição, notas naturais e alteradas, acordes de gavetão, postura. Mais tarde aprendo os acordes com 6ª, 9ª, 11ª, 13ª, 5ª diminuta, etc e tal

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Afinação pitagórica

Quando tangemos uma corda do violão lhe acrescentamos energia, e esta energia transforma-se numa onda. Através da caixa de ressonância do violão esta onda é transmitida pelo ar até nosso ouvido. Esta onda é tão rápida que não conseguimos ver seu movimento. Por isso é interessante fazer experiências práticas e ver como se pode produzir uma onda estacionária numa corda.













Quando agitamos uma corda de certa maneira produzimos uma onda que a percorre.



















Enquanto na corda do violão se produz uma onda transversal, no ar ela se torna longitudinal podendo ser comparada a um trem de ar comprimido.




































O som e a afinação já foram objeto de estudo do matemático e filósofo grego Pitágoras de Samos (570 - 497 a.C) há mais de 2500 anos. Pitágoras fazia experiências com cordas, flautas, mqrtelos e sinos.

























Diz certa tradição que Pitágoras demonstrou a relação entre a altura da nota e o peso pendurado na corda que o produz. Também demonstrou a relação entre a altura da nota e o comprimento da corda. Para isso teria usado o monocórdio.
Além disto estabeleceu relações matemáticas entre os intervalos melódicos da oitava, da quinta e da quarta e os respectivos comprimentos das cordas. Assim a proporção 1:2 produz o intervalo de oitava, ou seja, se dividimos uma corda exatamente no meio e deixamos vibrar esta metade produzimos um intervalo de oitava. A proporção 2:3 produz o intervalo de quinta. Se por exemplo deixamos vibrar 2/3 da corda mi obtemos a nota si. A proporção 3:4 produz o intervalo de quarta. Se por exemplo deixamos vibrar 3/4 da corda mi obtemos a nota lá, que é a quinta corda. Assim fica fácil explicar a afinação do violão.











A 6ª corda é a mais espessa e fica mais em cima. Ela produz o tom mi (e)






Se deixarmos vibrar apenas 3/4 da 6ª corda (mi = e) pressionando-a com um dedo antes do quinto traste, obtemos a nota , que é o som da 5ª corda. Temos que fazer com que o som da 5ª corda (lá = a) tenha a mesma altura de 3/4 da 6ª corda.



Afinada a 5ª corda (lá=a) e deixando vibrar 3/4 desta corda pressionando a com um dedo antes do quinto traste, obtemos a nota ré, que é o som da 4ª corda. Temos que fazer com que a altura do som da 4ª corda (ré = d) fique igual à de 3/4 da 5ª corda afinada anteriormente.




Afinada a 4ª corda (ré = d) e deixando vibrar 3/4 desta corda pressionando a com um dedo antes do quinto traste, obtemos a nota sol, que é o som da 3ª corda. Temos que fazer com que a altura do som da 3ª corda (sol = g) fique igual à de 3/4 da 4ª corda afinada anteriormente.



Afinada a 3ª corda (sol) e deixando vibrar 4/5 (atenção!!!) desta corda pressionando a com um dedo antes do quarto (atenção) traste, obtemos a nota si, que é o som da 2ª corda. Temos que fazer com que a altura do som da 2ª corda fique igual à de 4/5 da 3ª corda.



Para conferir, podemos também pressionar a 6ª corda (mi) com um dedo antes do 7º (ou 19º) traste obtendo a nota si da 2ª corda, que deverão ter a mesma altura.





Afinada a 2ª corda (si, em imglês b, em alemão h) e deixando vibrar 3/4 (atenção!!!) desta corda pressionando a com um dedo antes do quinto (atenção) traste, obtemos a nota mi agudo, que é o som da 1ª corda. Temos que fazer com que o som da 1ª corda (mi agudo) fique com a mesma altura do som de 3/4 da 2ª corda.

Para conferir podemos fazer vibrar 1/4 da 6ª corda ao encostar levemente um dedo na região da boca do violão produzindo assim um som harmônico que deverá ser igual aoda 1ª corda.





Por fim uma homenagem a Pitágoras através de um recorte de um quadro de Rafaello Sanzio "Escola de Atenas" pintado em 1509



















































Pronto, aí estão as 6 notas do violão bem afinadas.


























Como o som é um movimento oscilatório de partículas, suas propriedades podem ser melhor visualizadas observando-se o balanço de um pêndulo.








O tempo necessário para que um pêndulo vá e volte ao lugar inicial depende do comprimento da corda (l) e da força exercida sobre ele, no caso, a força da gravidade (g).











É preciso muito mais corda do que a gente imagina para fazer o pêndulo gastar mais tempo


É porque enquanto crescimento do tempo é linear, o crescimento do comprimento é exponencial.
Isto também explica por que o arranjo dos trastes do braço do violão têm um aspecto logarítmico. Os trastes vão ficando cada vez mais separados quanto mais grave for a nota.
















Um comentário:

Seguidores

Quem sou eu

Minha foto
Cursando mestrado em Educação (UFRGS), conhecido compositor, arranjador e regente da Orquestra Infanto-Juvenil do Projeto Prelúdio do Instituto Federal do Rio Grande do Sul - Campus Porto Alegre(antiga Escola da UFRGS); de 1986 a 88 professor de História da Música e de Hinologia na Escola Superior de Teologia (EST); de 1985 a 86 coordenador do Departamento de Música Sacra da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), quando criei o Festival de Música (MUSISACRA) - Bacharel em Música, com Habilitação em Órgão pelo Instituto de Artes da UFRGS em 1985, estudei com Marieta Heuser (Piano), Leo Schneider (Órgão), e também com Renzo Buja (Interpretação - Itália), Isolde Frank (Flauta doce), Wolfgang Dallmann (Barroco - Alemanha), Eduardo Ostergreen (Regência e Repertório Coral - USA), Arlindo Teixeira (Regência), Frei Emílio Scheidt (Canto Gregoriano, Contraponto - Brasil) - Willy Correa de Oliveira (Música Contemporânea - Brasil) Visitei órgãos de Blumenau, Curitiba, São Paulo, Rio, Lisboa, Madri, Berlim, Hildesheim. Veja abaixo meus outros blogs de organista, professor e pesquisador.